Quando anunciei às pessoas próximas que havia uma forte possibilidade de passar dois anos a trabalhar fora, o que mais ouvi foi:
"então e o A.?"
tem o contrato de bolsa de PhD dele até ao início de 2018.
"então e as tuas gatas?"
ficam em Lisboa com o dono, como é óbvio.
"mas vais-nos abandonar assim?"
não vou abandonar, vamos continuar a ser amigos e vamos falar muito por Skype.
"então mas porque é que não trabalhas cá?"
porque quero ser cientista e no meu país infelizmente não há dinheiro para financiar todos os doutorados que querem ser cientistas nas Ciências da Vida, a competição é mais que muita, e a experiência internacional só me valoriza o CV.
"mas e vais quando?"
ainda não sei o dia certo, tenho que decidir com o futuro chefe.
"e estás preparada ara ser emigra?"
não vou ser bem emigra. quer dizer, vou. E não falo a língua do país de destino. mas também é já ali e os voos são baratos e posso cá vir com frequência.
"então e depois, como é que vai ser?"
pois que não sei, ainda muita água tem que correr, e eu ainda nem sequer fui...
Fui sempre relevando e respondendo com ligeireza porque parecia que o dia estava longe. Mais longe que o dia da Defesa, em boa verdade. Agora que comecei a dar início ao processo, nomeadamente preencher formulários, pedir certidões, cartões e coisas do género, parece que o nó no estômago se acentua e que isto vai mesmo acontecer. É uma sensação semelhante à que se apoderou de mim quando tive que sair de casa para ir para a Faculdade, com a agravante que não estou à distância de um Intercidades Pragal - Vendas Novas.
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