sábado, 13 de agosto de 2016

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Há uns dias alguém me dizia: "mas vai agora assim de repente para França? Como é que é isso??".

Na verdade não foi de repente - é algo que já anda a ser pensado desde Março. Quando surgiu a oportunidade de me candidatar o assunto foi discutido com pessoa com quem divido a minha vida, com os meus pais e com duas ou três pessoas importantes para mim e que não pertencem ao meu núcleo familiar, por esta ordem.

Em Março ainda a minha tese de doutoramento estava por corrigir e entregar e não fazia ideia de quando iria ser o D-Day. Muita tinta podia ainda correr e durante algum tempo mantive a informação restrita a um pequeno círculo de pessoas. Quando entreguei a tese e enquando esperava pela marcação da defesa contei a mais algumas. Nas vésperas da minha defesa de doutoramento, e depois de já me ter reunido com o futuro chefe pessoalmente, já o gato estava fora do saco*. Não houve outro assunto para escrever no meu postal de felicitações, recebi Uma Aventura alusiva à ida e foi o tema geral do lanche que se seguiu à defesa.

As férias durante o mês de Agosto têm o mote não-oficial de despedida, são aproveitar o sol, a praia, as  minhas gatas, as actividades e as pessoas que vou deixar de ver todos os dias. Faltam duas semanas e meia, mais coisa menos coisa, e se às vezes parece que o dia da ida está já aí à porta, outras vezes parece que ainda tenho muito tempo pela frente.

Não fiz ainda a lista do que quero levar nem comecei a colocar coisas de parte para meter na mala nova de 100 L. Nunca tinha tido uma mala tão grande, nem para férias. Parece-me enorme e simultaneamente minúscula para lá encafuar tanto pertence. Sei que quando der conta estou no Aeroporto para embarcar e não vai ser para uns dias de sightseeing numa qualquer cidade europeia, vou deixar o que conheço e a minha zona de conforto para trás, para desembarcar duas horas depois num país diferente, que vai ser a minha nova casa pelo menos nos próximos dois anos.

Tento não pensar muito no momento da partida, porque inerentemente penso nas pessoas que cá deixo e o coração aperta-se-me um bocadinho (mentira, é um bocadão). O problema é fundamentalmente esse: as pessoas que cá deixo. Eu já fui uma pessoa que foi "deixada", sei como as coisas funcionam. Quem parte vai de coração ansioso, quem é "deixado"também perde um bocadinho do coração, mas a verdade é que a vida continua mais ou menos igual, ou com uma ligeira alteração de rotina. Quem vai começa tudo de novo, novo país, nova língua, novas horários, novas pessoas, novas rotinas. E a saudade vai apertar, mas vai ter que esperar pelo Skype ou pela resposta no Whatsapp ou no Facebook Messenger, suspensa, para não interferir com a rotina do outro lado. 

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